15 de agosto de 2010

Vitória sobre o pecado III




Resultado e Penalidade

Agora, precisamos justificar a hipótese de que há uma diferença entre os conceitos de mal e culpa. Em Gênesis 2:17, uma penalidade clara e distinta é cominada para a rebelião contra Deus. Deus disse a Adão: "Não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que ela comer, certamente você morrerá." Temos estado intrigados com esse verso porque ele é claro a respeito de que, quando Adão comeu do fruto que Eva lhe deu, ele não morreu naquele dia.

Temos dito algumas vezes: Pois bem, ele começou a morrer. Mas o texto hebraico simplesmente diz: "No dia em que dela comer, certamente você morrerá." Essa tradução é perfeita. Então, por que Adão não morreu naquele dia? "Não era a penalidade de morte imediatamente obrigatória nesse caso? Sim, mas um resgate foi provido. O Unigênito Filho de Deus voluntariamente tomou o pecado do homem sobre Si mesmo, para fazer expiação pela raça decaída." — Comentários de Ellen G. White, S.D.A. Bible Commentary, vol. 1, pág. 1082. "No momento em que o homem aceitou as tentações de Satanás e praticou coisas que Deus havia dito não fossem feitas, Cristo, o Filho de Deus, Se pôs entre os vivos e os mortos, dizendo: ‘Que a punição caia sobre Mim. Eu estarei no lugar do homem. Ele terá outra oportunidade.’" Idem, pág. 1085. "Assim que houve pecado, houve um Salvador... Logo que Adão pecou, o Filho de Deus Se apresentou como Fiador da raça humana, justamente com o mesmo grande poder de evitar a ruína pronunciada sobre o culpado, que possuía quando Ele morreu sobre a cruz do Calvário." Idem, pág. 1084.

Por que Adão não morreu naquele dia? Por causa do Substituto que Se colocou entre a penalidade do pecado e Adão nesse mesmo dia. Jesus Cristo assumiu o lugar de Adão. Talvez isso nos ajude a compreendermos Apocalipse 13:8, onde é dito que o Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo. Como Fiador do homem, Jesus, com efeito, pagou a penalidade naquele dia, intervindo entre Adão e a sentença do pecado.

Logo após, Adão ofereceu o primeiro sacrifício animal, significando para ele que o Filho de Deus morreria em seu lugar. Assim, a penalidade do pecado de Adão foi paga imediatamente por Jesus Cristo. Nosso Senhor assumiu de pronto o lugar de Adão.

Mas Adão iria pagar por essa penalidade? Teria ele de morrer para pagar por seu pecado? Por que Ele faleceu 930 anos mais tarde? Ou ele morreu simplesmente como resultado das inerentes conseqüências do pecado?

De fato, é-nos dito que sua morte foi uma bênção, porque ele teve de suportar muita agonia pela consciência de que seu pecado produziu todas as demais transgressões, dores e sofrimentos que havia testemunhado durante 900 anos. Portanto, sua morte foi realmente um alívio. Essa morte, a morte natural que Adão sofreu, foi o resultado do pecado antes que a penalidade do pecado. A penalidade foi paga por Jesus Cristo. Adão ofereceu um cordeiro, mostrando compreender que a penalidade da morte foi paga. Mas a maldição, as inerentes conseqüências do pecado, permaneceram.




Isso significa que precisamos dividir a idéia básica de pecado em duas colunas separadas. A coluna do lado esquerdo é denominada MAL, e inclui todas as coisas que inerentemente resultaram do pecado, e tudo o que conduz à morte a partir desse mal. Mas essa morte, que Jesus denominou sono, não é o fim do homem. Assim o mal e seus resultados conduzem à morte, ao sofrimento e a todas as coisas negativas que vemos ao nosso redor.

A coluna da direita é chamada CULPA. Ela trata da segunda morte ou inferno, que é a penalidade pelo pecado. Por conseguinte temos duas conseqüências do pecado: a maldição — os resultados inerentes ao pecado — que seres humanos, animais e toda a natureza experimentam em geral e que conduz à primeira morte. Do outro lado temos a culpa, que dá origem à penalidade pelo pecado, a segunda morte, que já foi paga por Jesus Cristo. Se escolhermos a salvação de Cristo, nunca passaremos pela segunda morte.

É verdade que a expiação cobre ambas essas conseqüências do pecado. Mas eu gostaria de dizer que ela tem de tratar com a culpa, perdoando-a, e com os resultados do mal, recriando e restaurando o que a maldição do pecado atingiu. A expiação trabalha para restaurar todas as coisas segundo o plano original de Deus, mas ela não perdoa as áreas encontradas na coluna da esquerda. Apenas perdoa as áreas constantes da coluna da culpa, isto é, ela pode apenas perdoar a penalidade pelo pecado.

Dessa maneira, os termos justificação, perdão, salvação, evangelho, justiça e santificação, aplicam-se particularmente aos tópicos da coluna direita, aqueles que têm a ver com culpa, penalidade e inferno. Quero dizer que há uma diferença básica entre o resultado do pecado e a penalidade do pecado. Há uma diferença básica entre a primeira morte e a segunda morte, e as questões relacionadas com a condenação e a salvação pertencem particularmente à culpa e sua penalidade. É nessas áreas que precisamos nos concentrar quando falamos sobre justiça pela fé.

Agora, vamos dar uma olhada em alguns textos do Novo Testamento para ver se temos evidência posterior para essa distinção. Em Lucas 13:1-5, Jesus conta certa história para ensinar uma lição. Lucas registra que alguns dos presentes contaram a Jesus sobre os galileus cujo sangue havia sido misturado com seus sacrifícios. Em outras palavras, eles haviam sido mortos. "Jesus respondeu: Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão. Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados dos que todos os outros habitantes de
Jerusalém? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão."

Vemos aqui que a morte dos galileus não foi o resultado direto de seu pecado. Jesus estava dizendo que eles e os outros sobre os quais desabou a torre de Siloé não eram mais culpados do que os demais homens por causa de sua morte. Aqui fica claro que a primeira morte, que eles sofreram, não estava ligada diretamente à sua culpa.

Em João 9:1-3, os discípulos, vendo um homem cego, perguntaram a Cristo: "Mestre, quem pecou; este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego? Disse Jesus: Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele." Uma vez mais Cristo estava explicando que a cegueira do homem, a maldição com a qual fora ele afligido, não era o resultado de qualquer pecado pessoal, mas causada por uma debilidade herdada. Jesus faz aqui uma distinção entre culpa pessoal e os efeitos inerentes ou resultados do pecado.

Outro texto importante é João 5:24 e 25. A menos que compreendamos a distinção que estamos fazendo neste capítulo, suporemos que Jesus Se contradisse nessa passagem. "Eu lhes asseguro: Quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida. Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão."

Jesus está dizendo que justamente agora, hoje, se crermos, temos a vida eterna. Agora mesmo, passamos da morte para a vida. Mas Ele continua dizendo: "Eu lhes asseguro: Quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida. Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão." No verso 24, estamos livres da morte; temos vida eterna agora. No verso 25, aqueles que morreram ouvirão a voz do Filho de Deus na ressurreição futura. A menos que façamos essa diferenciação entre a primeira e a segunda morte, ver-nos-emos embasbacados com uma contradição inconciliável.

Cristo diz que temos a vida eterna nEle hoje. Estamos livres da penalidade da culpa. Fomos libertados e nunca passaremos pela segunda morte, a penalidade do pecado. Não obstante, excetuando-se aqueles que serão transladados, nós passaremos pela [primeira] morte que é cognominada um sono (tal como no caso de Lázaro). Depois ouviremos a voz do Filho de Deus e nos ergueremos do sono da primeira morte. Assim, mesmo aqueles que são perdoados e recebem a vida eterna ainda morrerão como resultado da maldição do pecado de Adão. Devemos morrer porque estamos num mundo que está perecendo. A primeira morte não é a penalidade pelo pecado, uma vez que aqueles que possuem a vida eterna também a sofrem. Posto em termos mais simples, vida eterna significa não à segunda morte, que é a penalidade do pecado. Outro texto que expressa esse pensamento de modo bem claro está em I João 5:12 e 13, no qual nos é dito que temos vida em Cristo hoje, agora, embora saibamos que iremos morrer.

Desse modo penso que temos boa evidência escriturística de que há duas diferentes conseqüências do pecado: (1) a maldição do pecado, que conduz à primeira morte, e, (2) a penalidade do pecado, que traz consigo a segunda morte.

Continua...

Jean R. Habkost
Baseado no Livro: Face to Face With The Real Gospel – Pr. Dennis E. Priebe

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