15 de agosto de 2010

Vitória sobre o pecado II




O Pecado Como Escolha

Focalizemos nossa atenção na segunda definição de pecado, a saber, o pecado como escolha, como ato volitivo. Mediante essa definição estamos dizendo muitas das mesmas coisas que temos declarado nas várias explicações do pecado original.

Cremos que, na natureza original de Adão, nada havia que o levasse a rebelar-se contra Deus. Nenhuns desejos para desviá-lo da vontade divina. Para Adão era natural agir com retidão e antinatural agir erroneamente. Mas, com a queda, algo mudou em sua natureza, no profundo de seu ser. A queda fez com que Adão se inclinasse para o mal. Sua natureza estava agoradistorcida, e ele agora queria fazer o que havia odiado anteriormente, isto é, rebelar-se contra Deus. Agora, para Adão, era natural pecar. Agora, era contranatural agir justamente.

Diante disso, quando dizemos que herdamos a natureza decaída de Adão, precisamos entender o pleno significado dessa assertiva. Recebemos o legado de maldade, fraqueza e corrupção de nosso primeiro pai. Temos os mesmos desejos que Adão possuía em seu estado pecaminoso. Queremos fazer coisas erradas; queremos rebelar-nos contra Deus. É-nos muito difícil fazer o que é certo. É-nos mais natural praticar coisas erradas. Penso que, se formos honestos conosco mesmos, admitiremos que, na maioria das vezes, somos todos nossos próprios tentadores. Realmente, não necessitamos de que Satanás nos persiga e nos tente com todo o tipo de sugestões, porque somos bem capazes de tentar-nos a nós mesmos. Nossa natureza nos desencaminha. O egoísmo está na própria raiz de nossa vida, incitando-nos a fazer coisas que sabemos que não deveríamos perpetrar [fazer]. Desse modo, herdamos tendências negativas de Adão, as quais nos impelem a fazer o que é errado.

A única diferença, nessa definição relativamente à prévia acepção de pecado, é que não herdamos culpa ou condenação. Herdamos tudo aquilo que Adão nos podia transmitir. Herdamos todas as inclinações, todas as tendências, todos os desejos, e nascemos de uma maneira que Deus jamais pretendeu que acontecesse com o homem. Mas essa definição diz que o pecado pessoal procede da escolha; pecado, em si mesmo, não é herdado. A culpa, então, não provém da natureza. Quando, porém, escolhemos rebelar-nos contra a luz e os deveres conhecidos, então tornamo-nos culpados. Precisamos optar pela decisão de Adão, a decisão da rebelião contra Deus, e então passamos a ser incriminados.

Temos de admitir que a natureza pecaminosa torna mais fácil pecar, fazer escolhas pecaminosas. Mas o ponto que eu gostaria de destacar é que somos culpados quando fazemos essas opções e não antes disso. Por conseguinte, creio que temos de distinguir cuidadosamente entre os conceitos do mal e da culpa.

Já esboçamos as duas definições básicas de pecado. Dependendo de qual delas acatarmos, as questões da justiça pela fé serão retratadas de modo diferente. As decisões feitas sobre justificação e santificação serão diferentes, consoante a opção feita sobre a natureza do pecado.

Mal e Culpa

Se definirmos o pecado como escolha, precisamos fazer uma distinção entre mal e culpa. Há muito mal no mundo hoje, mesmo no mundo animal. Mas não atribuímos culpa a todo mal que é aparente em nosso mundo moderno.

Uma de minhas ilustrações favoritas é a de um animal doméstico comum, o gato. Gostamos dos gatos que se aninham em nosso colo ou em nossos pés, que gostam de ser afagados, que correm para o seu prato de leite morno. Mas, algumas vezes, nos esquecemos de que há um outro lado dos nossos bichanos. Você já observou que os gatos não são misericordiosos com os camundongos que eles caçam para sua próxima refeição? Quando conseguem capturar um camundongo, eles não põem logo fim à miséria do roedor, mas antes brincam com ele. De fato, eles o torturam até que o camundongo descubra que lhe é fisicamente impossível fugir e finalmente desiste.

O que faríamos com alguém que torturasse um animal ou outro ser humano da mesma forma? Consideraríamo-lo culpado dos mais hediondos dos crimes e provavelmente o trancafiaríamos pelo resto de sua vida. Mas o que fazemos com um animal que faz isso, com nosso gato? Dizemos que isso é parte de seu modo de vida. Não é bom que o camundongo sofra, mas o gato não é culpado. Assim vemos alguns atos como maus, mas também como parte dos resultados naturais do pecado, e outros atos como maus pelos quais seu praticante pode ser considerado culpado.

Agora, tragamos isso para o nível humano. Se estivermos fincando uma estaca e pedimos a um amigo que a segure a fim de podermos fixá-la melhor, é possível que erremos a estaca e atinjamos o polegar do amigo. Seu dedo vai doer, ficar branco e levar algum tempo para ser curado, mas nosso amigo provavelmente não irá nos acusar de qualquer culpa pessoal. Por certo irá considerar o incidente como desafortunado.

Vamos dar um passo mais além para tirar conclusões. Se uma criança pequena estiver brincando com um revólver e quase atingir sua irmã ou seu irmão mais velho, certamente tomaríamos a arma das mãos da criança e nos asseguraríamos de trancar melhor nossas armas de fogo para o futuro. Não condenaríamos ou julgaríamos essa criança como culpada. Mas se um jovem de vinte anos apanha uma arma e atira em alguém, nós imediatamente começamos a fazer perguntas como: Por quê? Queremos saber, antes de qualquer coisa, se ele é culpado de dolo.

Assim, existe diferença entre os conceitos de mal e culpa. A palavra mal simplesmente significa o que é ruim, negativo ou errado, os resultados do pecado num mundo amaldiçoado. A culpa é aplicada à responsabilidade moral por atos ou pensamentos maus.

O que estou dizendo é que árvores e animais estão cheios de pecado e mal, mas eles não são condenados e nem redimidos por Deus, pois não possuem nenhum conhecimento de valores morais. Somente o homem tem a consciência dos valores morais e, por causa dessa ciência, é ele condenado como culpado por qualquer mau ato. Se crermos que o pecado ocorre por escolha, precisamos saber fazer a crucial distinção entre mal e culpa. Culpa exige conhecimento antecipado e rebelião voluntariosa. Estou querendo dizer que a condenação da parte de Deus é sempre fundamentada sobre o conhecimento anterior do homem. Tiago disse claramente: "Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado." (Tia. 4:17)

Continua...

Jean R. Habkost
Baseado no Livro: Face to Face With The Real Gospel – Pr. Dennis E. Priebe

Nenhum comentário:

Postar um comentário