15 de agosto de 2010

Vitória sobre o pecado I




O que é pecado?

Está semana na lição da escola sabatina estaremos estudando um tema muito fundamental para o cristianismo. Vitória Sobre o Pecado, o tema que revela o verdadeiro evangelho. Um dos grandes propósitos da vinda de Cristo a este mundo. Mas para entendermos melhor esse tema veremos algo a mais sobre pecado. Durante a semana uma série será publicada referente ao tema.

O que é pecado? Por que nos preocupamos com um assunto que parece ser tão negativo? Por que o homem é culpado? Por qual razão Deus condena um homem? Por que Deus diz que o homem deve perecer nos fogos do inferno? O que decidimos sobre o pecado afetará toda nova visão do Evangelho Eterno.

Talvez tenhamos admitido que sabemos o que é pecado. Pode ser útil buscarmos outra visão de nossas suposições e decidir por nós mesmos o que realmente queremos dizer quando usamos a palavra pecado. Todos sabemos que pecamos, mas como? Quando vamos ao médico ele precisa descobrir o que está errado antes de prescrever o tratamento. Assim também precisamos saber exatamente o que está errado com nossa vida antes de Jesus Cristo poder salvar-nos de nossos problemas — o pecado. Precisamos conhecer a natureza da doença para a qual o remédio será ministrado.

Voltemos um pouco atrás e consideremos o pecado que deu início a todas as dificuldades que agora enfrentamos neste mundo. Sabemos que Adão optou voluntariamente por pecar. Sabemos que ele se tornou culpado por causa de sua escolha. Mas, e nós? Somos culpados por causa do pecado de Adão, porque nascemos como descendentes dele? Somos culpados porque herdamos dele uma natureza decaída? Ou, somos culpados porque escolhemos repetir o pecado de Adão?

Desse modo retornamos mais uma vez à questão da natureza do pecado. O que o evangelho perdoa e cura? A questão básica que precisamos resolver é esta: Qual é a natureza do pecado pela qual a pessoa é considerada culpada, tão culpada que deve morrer nas chamas do inferno, a menos que Deus a perdoe? Qual é a natureza desse pecado?

Pecado Como Natureza
Agora precisamos começar com definições precisas. Muitas definições de pecado têm sido apresentadas ao longo dos séculos.

Certo grupo diz que nossa culpa é o inevitável resultado de algo chamado pecado original. De acordo com essa linha de pensamento, o pecado original não significa a escolha de Adão para pecar, mas o estado no qual somos nascidos por causa do pecado de Adão. Como resultado ou por causa do pecado de Adão, já nascemos pecadores. Embora a expressão pecado original tenha sido usada por muitos teólogos, talvez necessitemos afastar-nos dela como tal e falarmos sobre pontos que estão em seus bastidores. Algumas vezes os termos teológicos tendem mais a obscurecer do que esclarecer. O que a expressão realmente significa?

Pecado original pode ser definido de várias maneiras. Alguns dizem que somos culpados porque herdamos o pecado de Adão. Outros dizem que somos culpados, não porque herdamos culpa, mas por causa de termos nascido como filhos e filhas de Adão, e assim somos culpáveis por causa de nosso nascimento no seio de uma raça decaída. Dessa maneira, a culpa de Adão nos é imputada.

Outra variação diz que não somos culpados quer por pecado herdado quer por culpa imputada, mas porque nascemos em estado separado [de Deus]. Viemos ao mundo como alienados de Deus. Passamos a existir apartados dEle e essa separação é nossa culpa. É essa alienação que nos torna culpados. Alguns dizem mesmo que não somos pessoalmente culpados, mas que nascemos condenados como parte no destino da raça caída.

Mas o denominador comum de todos esses pontos de vista é que somos culpados ou condenados por causa de havermos nascido na família humana. Dessa maneira, contudo, explicamo-lo mediante essas várias abordagens, o que equivale a dizer que culpa ou condenação é herdada por natureza. A natureza decaída é nossa culpa.

Porém, diz ainda mais, isto é, que temos dois tipos de pecado em nossa vida: (1) Somos culpados por causa de nosso nascimento como participantes dessa raça, e, (2) somos também culpados por causa de nossos próprios pecados, nossas próprias escolhas, nossos próprios atos de rebelião.

Ambos os aspectos são pecado. Assim sendo, apesar de haver dois aspectos de pecado, a saber, nosso nascimento numa raça decaída e nossas escolhas rebeldes, ainda somos condenados por causa de nosso nascimento, antes de nossas escolhas. Essa é a linha de fundo da expressão pecado original. Somos culpados ou condenados no momento em que nascemos, em razão do pecado de Adão.

As implicações desse modo de crer são expressas nas seguintes declarações: "Declara-se que o pecado existe no ser antes de sua própria consciência dele." "Há culpa nos maus desejos, mesmo quando resistidos pela vontade." "Pecado é nossa natureza maligna herdada e todos os seus frutos."

Como você pode ver, de acordo com essa definição, o pecado existe em nós antes do exercício da escolha e mesmo antes do conhecimento. O pecado existe em nós antes de podermos compreender e tomar decisões sobre o certo e o errado. O pecado habita em nós por causa de nosso nascimento numa raça corrompida.

João Calvino, um dos maiores teólogos sistemáticos, assim dizia sobre pecado e culpa: "Todos nós ... viemos ao mundo corrompidos com o contágio do pecado... À vista de Deus somos corrompidos e poluídos... A impureza dos pais é transmitida a seus filhos... Todos são originalmente depravados... A culpa provém da natureza." (Ênfase suprida pelo autor). Calvino diz que a corrupção hereditária e a depravação de nossa natureza são designada como pecado por Paulo. Até mesmo as crianças, trazendo consigo sua condenação desde o útero materno, sofrem... por seus próprios defeitos. "E, é claro, isso é pecaminoso à vista de Deus, pois Ele não condena sem culpa. "O homem todo... está tão submerso... que nenhuma parte dele permanece isenta de pecado, e, portanto, tudo o que procede dele é imputado como pecado... Os homens já nascem viciosos... Todos somos pecadores por natureza." — João Calvino, Institutos da Religião Cristã, livro II, cap. 1, # 5-10 e 27; ênfase suprida.

Essa compreensão de pecado esclarece porque a Igreja Católica Romana, Martinho Lutero e João Calvino defendiam a necessidade do batismo infantil. Se, de fato, alguém é culpado por natureza, é extremamente importante que ele seja batizado imediatamente após o nascimento para lavar esse pecado e ser purificado da culpa de nascença. O batismo infantil é extremamente importante para aqueles que lidam com o problema do pecado original. E assim Martinho Lutero e João Calvino defendiam vigorosamente sua necessidade. No nascimento, as crianças devem ser batizadas imediatamente e purificadas do pecado que é inerente nelas. Tanto Calvino quanto Lutero estavam de acordo com Agostinho e receberam dele a compreensão do pecado original.

Lutero e Calvino defendiam ainda a doutrina da predestinação, que também aprenderam de Agostinho. Agostinho cria que Deus havia predestinado todos os homens, quer para a salvação, quer para a perdição. Martinho Lutero e João Calvino seguiam nessa direção e edificaram sua doutrina da justificação pela fé sobre os pressupostos da predestinação. O pecado original se conforma logicamente com a doutrina da predestinação.

Há ainda outra dimensão para crermos que o pecado é inerente em natureza. Quando Adão pecou ele perdeu a capacidade de não pecar, de forma que tudo o que lhe restava agora era a competência de pecar. Quaisquer decisões que Adão fizesse eram pecaminosas. Assim ele, após seu pecado, era apenas capaz de pecar e nós, como membros da decaída raça humana, estamos aptos apenas a pecar. De fato, a única coisa que podemos fazer é pecar e Deus pode apenas perdoar-nos o pecado.

O que estou dizendo é que essa doutrina têm muitos e diferentes modos de ser expressa. Mas o conceito básico, corrente entre todas essas definições, é que somos nascidos pecadores. Somos culpados ou condenados por fazermos parte da família de Adão.

Seria bom notarmos de passagem a reação de Emil Brunner a esse ensinamento: "Assim, a doutrina eclesiástica baseada inteiramente na idéia da queda de Adão e na transferência de seu pecado às gerações posteriores sucessivas, está seguindo um método que não é bíblico em qualquer sentido. Mesmo essa passagem, Rom. 5:12 e versos seguintes., que parece ser uma exceção e tem sido vista como o locus classicus da teologia cristã desde o tempo de Agostinho, não pode ser relacionada como defensora do ponto de vista agostiniano, que tem sido aceito por sucessivas gerações, pois aqui Paulo não está tentando explicar o que é o pecado; no entanto, nada há realmente em Romanos 5 que descreva a natureza do pecado." "A Teoria do Pecado Original, que tem sido a norma da doutrina cristã do homem, desde o tempo de Sto. Agostinho, é completamente estranha ao pensamento bíblico." "Pecado deve ser primeiramente entendido como um ato, a saber, uma 'queda', como o rompimento ativo com o divino início, como o afastamento funcional da ordem divina... Pecado é um ato. Essa é a primeira coisa a se dizer sobre pecado. Apenas como segundo ponto podemos afirmar que esse ato é sempre, e ao mesmo tempo, um estado, uma existência em ação, um estado no qual ninguém pode agir de outro modo, uma condição de escravidão." Emil Brunner, "A Doutrina Cristã da Criação e da Redenção", págs. 98, 99, 103, 109.

Eu gostaria de sugerir que a evidência em apoio à doutrina do pecado original, de qualquer modo que seja explicada, quer pela herança, pela imputação ou por separação, não é ensino bíblico como alguns a têm suposto. Há, pelo menos, outro modo de entender os textos que são usados em suporte ao ponto de vista do pecado original.

Continua...

Jean R. Habkost
Baseado no Livro: Face to Face With The Real Gospel – Pr. Dennis E. Priebe

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